Logotipos, marcas e símbolos

Os logotipos desempenham um papel fundamental na construção da identidade visual de marcas, empresas e organizações. Um bom logotipo sintetiza a essência de uma marca de maneira memorável e impactante. Neste artigo, exploraremos a evolução dos logotipos ao longo da história, destacando trabalhos de designers icónicos e refletindo sobre o papel crucial que estes símbolos visuais desempenham no mundo do design.

Origens e primeiros exemplos

Os logotipos, como elementos gráficos de identificação, têm as suas raízes em símbolos heráldicos e marcas de propriedade utilizadas na antiguidade. Na Idade Média, por exemplo, os brasões de armas funcionavam como identificadores de famílias nobres e cavaleiros. No século XIX, com a Revolução Industrial, a necessidade de identificar produtos e empresas de forma única levou ao desenvolvimento dos primeiros logotipos comerciais.

Evolução no Século XX

O século XX foi um período de intensa transformação para os logotipos. A era moderna trouxe a necessidade de uma comunicação visual mais directa e eficaz. Durante os anos 1950 e 1960, o movimento do design moderno influenciou fortemente os logotipos, promovendo a simplicidade, a funcionalidade e a abstracção. A partir dessa época, surgiram logotipos icónicos que permanecem relevantes até hoje.

Designers significativos e seus trabalhos

Paul Rand

Paul Rand é frequentemente citado como um dos pioneiros no design de logotipos modernos. Ele criou logotipos emblemáticos como o da IBM, ABC e UPS. Rand acreditava na simplicidade e na funcionalidade, princípios que são claramente visíveis nos seus trabalhos. O seu design para a IBM, por exemplo, usa linhas horizontais para criar um efeito de varredura, simbolizando a inovação tecnológica da empresa.

Saul Bass

Saul Bass, outro grande nome do design gráfico, revolucionou o design de logotipos e a identidade visual de empresas através da sua abordagem minimalista e conceptual. Os seus trabalhos mais notáveis incluem o logotipo da AT&T e da United Airlines. Bass também é referência pelos seus layouts de títulos de filmes, onde combinava tipografia e ilustração de maneira inovadora (desenvolvido noutro artigo).

Milton Glaser

Milton Glaser, criador do icónico logotipo “I ♥ NY”, mostrou como um logotipo pode transcender a sua função original e tornar-se parte da cultura popular. A sua abordagem lúdica e ao mesmo tempo directa influenciou gerações de designers.

Em Portugal…

Muitos são os designers cujos os projectos são relevantes nesta área pela sua qualidade:

  • Eduardo Aires – Um dos designers mais destacados em Portugal, é o fundador do estúdio White Studio. É particularmente conhecido pelo redesign da identidade visual da cidade do Porto, que se tornou icónica.
  • Henrique Cayatte – Designer gráfico e co-fundador do estúdio Cayatte e Rebelo, Cayatte teve uma influência significativa no design português, especialmente em identidades visuais e marcas culturais.
  • R2 Design – Este estúdio, fundado por Lizá Ramalho e Artur Rebelo, é reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho gráfico e identidades visuais. O R2 tem uma abordagem experimental e inovadora, com projetos premiados em várias partes do mundo.
  • Studio Andrew Howard – Fundado por Andrew Howard, um designer britânico radicado em Portugal, o estúdio tem contribuído para o design gráfico português, com foco na identidade corporativa, editorial e tipografia.
  • Atelier Martino&Jaña – Este estúdio, dirigido por Rita Jaña e José Albergaria, é conhecido pelo seu trabalho na área editorial e pela criação de identidades visuais distintas e sofisticadas.
  • Cristina Reis – Designer de longa data, Cristina Reis é conhecida pelo seu trabalho na Fundação Calouste Gulbenkian e por criar identidades visuais para instituições culturais.
  • José Brandão – Em 1982, criou, juntamente com a mulher Salette Brandão, o B2 Atelier estúdio de Design, sediado em Lisboa. O atelier ganha relevância com a encomenda de uma obra comemorativa dos primeiros 25 anos da Fundação Calouste Gulbenkian considerado também um ponto de viragem crucial na atividade do designer. A atividade do B2 é marcada pelas encomendas de clientes que, à semelhança da FCG, se manterão ao longo das décadas e entre os quais se destaca a Presidência da República, o Ministério da Educação, a Secretaria e o Ministério da Cultura (Teatro Nacional D. Maria II, palácios e museus nacionais, entre outros serviços), a Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, a Fundação Luso-Americana, a Fundação Oriente, os CTT Correios de Portugal, a Portugal Telecom, o Banco de Portugal, a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, a Europalia’91, Lisboa 94 e a Expo’98.
  • Miguel Silva – Fundador do estúdio Oximoro Design, destaca-se no Design gráfico no geral, criando marcas e logótipos fortes e cartazes impactantes. É referência no Design editorial, no Design de equipamento, WebDesign e na sua actividade junto de identidades públicas e associações sem fins lucrativos. Desenvolve a sua paixão pelo Desenho como Urban-Rural Sketcher (www.geodrawn.oximoro.com).

O papel actual dos Logotipos

Hoje, os logotipos continuam a evoluir para atender às demandas de um mundo digital e globalizado. A necessidade de adaptar-se a diferentes plataformas e contextos exige logotipos versáteis e responsivos. Além disso, a sustentabilidade e a ética empresarial estão a tornar-se factores importantes no design de logotipos contemporâneos, refletindo os valores e a missão das marcas.

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Os logotipos são mais do que simples símbolos; são representações visuais da identidade e dos valores de uma marca. Através da história, eles evoluíram de marcas de propriedade para poderosos ícones de comunicação visual. Designers como Paul Rand, Saul Bass e Milton Glaser deixaram um legado duradouro, demonstrando que a simplicidade e a clareza são essenciais para a criação de logotipos eficazes. À medida que avançamos, os logotipos continuarão a ser um componente crucial no mundo do design, adaptando-se às mudanças culturais e tecnológicas.

Referências

  • Paul Rand: Heller, Steven. Paul Rand. Phaidon Press, 1999.
  • Saul Bass: Pat Kirkham. Saul Bass: A Life in Film and Design. Laurence King Publishing, 2011.
  • Milton Glaser: Glaser, Milton. Art is Work. Overlook Press, 2000.

#2.Design Gráfico Editorial: designers e estilos.

Em construção…

 

Meu Trabalho no Design Editorial

No meu próprio trabalho na área editorial, inspiro-me em conceitos semelhantes, procurando sempre que o design das capas e a paginação dos livros não sejam apenas atraentes, mas que também transmitam a essência do conteúdo de uma forma única e tangível. O desafio de criar uma capa que consiga captar a atenção e contar uma história é algo que me motiva continuamente a explorar novas técnicas e abordagens, seja através de métodos tradicionais ou das mais recentes tecnologias digitais.

#1.Design Gráfico: onde tudo começou?

O intuito gráfico e a história da comunicação visual é tão antiga quanto a própria civilização. Desde as primeiras representações nas paredes das cavernas até ao mundo digital dos e-readers e WebDesign, passando pelos códices pré-imprensa, a estruturação da informação e a sua comunicação sempre desempenharam um papel crucial na transmissão de conhecimento.

As Primeiras Representações Visuais

As pinturas rupestres encontradas nas cavernas de Lascaux e Altamira, datadas de cerca de 15.000 a.C., são as primeiras formas conhecidas de comunicação visual. Embora simples, essas imagens de animais e cenas de caça não apenas têm valor artístico, mas também desempenham um papel educativo e informativo, oferecendo um vislumbre das práticas e crenças das sociedades pré-históricas.

Neste momento primordial da significação, o “Desenho”, a “Escrita” e a Natureza com os seus sons e cores eram um mesmo elemento mágico. (ver artigo sobre a evolução da escrita).

Hieróglifos Egípcios: A “Banda Desenhada” da Antiguidade

Avançando para o Egito antigo, os hieróglifos oferecem um exemplo fascinante de comunicação visual estruturada. Estes símbolos pictográficos eram mais do que simples imagens; eram uma forma sofisticada de linguagem que combinava elementos gráficos com fonéticos para transmitir ideias complexas. A sua utilização em monumentos e tumbas tinha o objetivo de preservar a informação e garantir que o conhecimento sobrevivesse à passagem do tempo.

Os hieróglifos, com a sua capacidade de narrar histórias visuais, podem ser vistos como uma espécie de “banda desenhada” antiga, onde cada símbolo e combinação de símbolos transmitia uma parte da narrativa. A estruturação da informação era altamente organizada, com a disposição dos símbolos muitas vezes seguindo uma lógica de leitura que facilitava a compreensão dos textos sagrados e rituais.

A Coluna de Trajano: A Narrativa Esculpida em Pedra

No início da era imperial romana, a Coluna de Trajano, erguida em 113 d.C., é um exemplo impressionante de como a comunicação visual pode ser utilizada para narrar eventos históricos. Esta coluna comemorativa, com suas intricadas esculturas em relevo, detalha a vitória do imperador Trajano nas Guerras Dacianas. A estrutura da informação é apresentada de forma sequencial, quase como um longo friso narrativo que guia o espectador através dos eventos representados.

A coluna não só é uma obra-prima de escultura, mas também um exemplo de como a informação pode ser organizada visualmente para contar uma história de forma clara e impactante. A narrativa é disposta em espiral ao longo da coluna, permitindo que o espectador acompanhe a sequência dos acontecimentos de maneira contínua.

Códices Pré-Imprensa: A Evolução da Informação Escrita

Antes da invenção da prensa tipográfica, os códices manuscritos representavam uma das formas mais avançadas de estruturação e comunicação da informação. Produzidos por escribas em pergaminho ou papiro, os códices eram organizados com uma atenção meticulosa ao layout e à tipografia. Cada página era cuidadosamente projetada para maximizar a legibilidade e facilitar a navegação pelo texto.

Os códices, como os manuscritos iluminados medievais, não só apresentavam a informação textual, mas também integravam elementos gráficos, como iluminuras e margens decorativas, que ajudavam a enfatizar e ilustrar o conteúdo. A estruturação da informação era uma combinação de texto e imagem, refletindo a importância de ambos na comunicação e na preservação do conhecimento.

A jornada da comunicação visual, desde as cavernas até aos códices pré-imprensa, revela uma rica tapeçaria de métodos e técnicas para organizar e transmitir informação. Cada etapa na evolução da comunicação visual demonstra a criatividade e a engenhosidade humanas em estruturar a informação para alcançar e educar o público. Estes primeiros exemplos de design gráfico “editorial” estabelecem as fundações sobre as quais as práticas modernas foram construídas, influenciando e inspirando gerações de designers ao longo da história.

Mas o Design Editorial, na sua forma mais específica e rigorosa de definição, só se inicia com o advento da imprensa.

O design gráfico editorial tem uma história rica e vibrante, marcada por inovações artísticas e técnicas que transformaram a maneira como lidamos com a informação. Desde os primórdios da impressão (ou talvez anterior a esta) até à era digital, o design de livros, revistas e jornais evoluiu constantemente, refletindo as mudanças culturais e tecnológicas.

Os Pioneiros do Design Editorial

A história do design gráfico editorial remonta à invenção da imprensa por Johannes Gutenberg no século XV. A sua Bíblia de Gutenberg não só revolucionou a produção de livros como também estabeleceu princípios de tipografia e layout que ainda influenciam o design moderno.

No início do século XX, movimentos como o Art Nouveau e a Bauhaus redefiniram o design editorial. O artista e designer William Morris, um dos fundadores do movimento Arts and Crafts, destacou-se pela sua abordagem meticulosa à tipografia e ornamentação. Já na Bauhaus, mestres como Herbert Bayer e László Moholy-Nagy introduziram uma estética funcional e minimalista, enfatizando a clareza e a eficiência na comunicação visual.

Inovações e Ícones Modernos

No período pós-guerra, o design editorial continuou a evoluir com figuras influentes como Jan Tschichold, que com o seu livro “Die Neue Typographie” revolucionou a composição tipográfica ao defender o uso de grelhas assimétricas e sans-serif. Nos Estados Unidos, Alexey Brodovitch transformou a revista Harper’s Bazaar com um design ousado e inovador, que misturava fotografia e tipografia de forma dinâmica.

Outro nome icónico é Massimo Vignelli, cujas contribuições incluem o desenho de sistemas de grelha para publicações e a criação de layouts limpos e modernos. Vignelli acreditava que um bom design deveria ser semântico, sintático e pragmático, uma filosofia que aplicou em projetos para a Knoll e a American Airlines.

Em Portugal…

Em Portugal, uma das grandes referências é a obra de Sebastião Rodrigues, que se destacou no design gráfico e editorial, influenciando profundamente a estética visual do século XX no país. O designer foi pioneiro na utilização de elementos tipográficos e visuais modernos, trazendo um olhar inovador e sofisticado para o design português. Os seus trabalhos incluem projetos emblemáticos para a Fundação Calouste Gulbenkian, onde combinou uma abordagem minimalista com uma atenção meticulosa aos detalhes, criando peças que são até hoje celebradas pela sua clareza e elegância. A sua capacidade de integrar elementos tradicionais portugueses com influências contemporâneas fez de Sebastião Rodrigues um dos mais importantes designers de sua época, deixando um legado duradouro na história do design em Portugal.

O Impacto Digital e o Futuro

Com o advento da era digital, o design gráfico editorial continua a evoluir. Designers como David Carson desafiaram as convenções com layouts experimentais na revista Ray Gun, enquanto o uso de software como Adobe InDesign revolucionou a criação e a produção editorial, permitindo uma liberdade criativa sem precedentes.

O futuro do design editorial promete ser ainda mais empolgante, à medida que tecnologias como a realidade aumentada e a inteligência artificial começam a ser integradas no processo de design, oferecendo novas formas de interatividade e personalização.

A história do design gráfico, e editorial em específico, é uma mosaico rico de criatividade e inovação, construído por visionários que transformaram a forma como percebemos e interagimos com o texto impresso. Inspirar-me nesta herança ao desenvolver capas e paginar livros é uma constante fonte de motivação e criatividade (design editorial no meu portefólio).

Mas vamos conhecer mais…